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Vamos então falar de árvores

Vamos então falar de árvores
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Vamos então falar de árvores
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Alembro-me tão bem de uma casa, onde a mãe tinha o leme, onde ninguém andava à deriva, amarrado à quilha do barco, à rabiça do arado; o pai tinha a dianteira do carro, assumia o preço de salvar o madeiro do leito para a margem do rio, ia da cama para o corpo da terra; eu, muito crianço ainda, desconhecia o dia-a-dia da labuta, da lida, e, hoje, pousando nas águas o bote, moldando nelas o dorso, invejo-te, mãe, porque nelas te deitas, rebolas, e estás diante do tempo, espelho de parto vivo, árida Pátria de carreiros, esteiro de bico; havemos de falar dos dias, de cabedelos e bulhas, da trapica onde atracam teus barcos, de manjedoiras onde prendes os bois; falaremos da soga que arreia a canga e da corda que se ergue na barca e incita a quilha na tesoura das águas; falaremos de margens a estibordo, de pastagens, da terra cavada, arada a preceito, e de ervas ancoradas nas rochas; e, num lugar incerto, havemos de adregar sonhos sobre muros, árvores, ventos…

Prémio Literário Bento da Cruz 2018 - ex aequo - Câmara Municipal de Montealegre

livros
Coleções Adab
Páginas 108
Autor António Canteiro
ISBN 9789897555398
Dimensões(c/a/e) 130.00 x 200.00 x 11.00
Peso 0.14kg
Data Lançamento 2020-11-17