Atlântico

Em Atlântico a acção decorre durante o crepúsculo, a noite e a aurora de um dia. Algures no centro do Atlântico, um Homem e uma Mulher, pai e filha, assistem ao afundamento da terra-mãe, uma ilha no grande oceano. Eles são os únicos sobreviventes. Sabendo-se humanos, destinados a deixar um dia a superfície deste mundo, como poderá sobreviver a lembrança daquele lugar onde habitou o Amor, a Justiça e a Beleza? A Mulher insinua-se junto do Homem desejando possuí-lo para que uma semente no seu corpo possa continuar a humanidade, e o Homem, aparentemente negando-se ao espectáculo do amor, deixa-se pouco a pouco seduzir pelo mistério da voz da Mulher. Ele revela-se aos nossos sentidos como sendo Posídon, a divindade dos mares. Aos olhos da Mulher, ele é o pai, o homem. Ele deixa-se possuir pela jovem, que exulta de alegria, e nela entrega a semente. Os dois assistem à chegada da aurora. O nome do fruto da união será Rae – Rosa d’Água Estrela – e será visto na obra seguinte, Finis terrae, um texto ainda na esfera dos poderes humanos, da tirania à liberdade, da descoberta de novos mundos ao conhecimento enquanto missão.